A obsessão por KPIs virou quase uma religião dentro das empresas. É como se o único caminho para validar qualquer ação fosse o número que aparece no dashboard. Só que existe uma diferença entre ter indicadores e ser escravizado por eles. E muita gente já cruzou essa linha sem perceber.
Quantas vezes você já viu um projeto que tinha valor real ser descartado só porque “não moveu a métrica”? Quantas vezes você já presenciou ideias criativas serem engavetadas porque não havia como medir no curto prazo? Pior: quantas decisões você já viu serem tomadas apenas para agradar ao KPI, mesmo que, no fundo, não fizessem sentido estratégico?
Quando isso acontece, o KPI deixou de ser guia e virou prisão.
E prisões têm um efeito brutal: limitam a visão. Você passa a olhar apenas para dentro das grades do indicador e esquece que existe um mundo inteiro acontecendo lá fora.
É fácil cair nessa armadilha porque KPIs dão uma falsa sensação de controle. Eles trazem clareza, mas também trazem sedução: o conforto de ter tudo reduzido a gráficos bonitos, comparáveis, “objetivos”. O problema é que clareza não é sinônimo de verdade. Um número pode estar certo, e ainda assim contar uma história errada.
Pense: será que você está construindo impacto de verdade ou apenas performando para manter as curvas apontadas para cima? Será que sua equipe está crescendo ou só aprendendo a jogar o jogo do “como bater a meta”?
A verdade dura é que, em muitas empresas, ninguém mais trabalha para o cliente, para o produto ou para o propósito. Trabalha-se para o KPI. E isso é um atestado de mediocridade estratégica.
Um KPI saudável é bússola: aponta direções, mas não limita caminhos. Quando ele se transforma em coleira, você não está mais liderando o negócio, está apenas obedecendo números.
Então, olhe para os seus indicadores e faça a pergunta que pouca gente tem coragem de encarar:
👉 Eles estão te ajudando a enxergar mais longe ou estão te transformando em refém da própria planilha?
Porque no fim, o que sufoca um negócio não é a ausência de métricas, mas a covardia de não perceber quando elas deixaram de servir ao propósito e passaram a ser o propósito.
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